segunda-feira, 13 de abril de 2015

BENEFÍCIOS DO MÉTODO PILATES E SUA APLICAÇÃO NA
REABILITAÇÃO
Joseli Franceschet Comunello1
A constatação de que o número de praticantes de Pilates tem
aumentado muito nas últimas décadas só vem incentivar e respaldar a
necessidade do embasamento científico aos profissionais que atuam nessa
área (ROSA; LIMA, 2009).
Lamentavelmente, o aumento do número de praticantes do método não
vem acompanhado com o concomitante desenvolvimento da pesquisa (VITI;
LUCARELI, sd). Existe escassez de evidências científicas acerca dessa
modalidade terapêutica, tanto com aplicação na Fisioterapia, como com
abordagem cinesiológica, fisiológica e/ou biomecânica (SILVA et al, 2009;
BERTOLLA et al, 2007; LATEY, 2001; GALLAGHER; KRYZANOWSKA, 2000).
Através deste estudo, foi realizada uma revisão de literatura sobre o
Método Pilates, seus benefícios e sua aplicação na reabilitação da saúde,
baseado em evidências científicas.
A literatura aponta como vantagens do método Pilates: estimular a
circulação, melhorar o condicionamento físico, a flexibilidade, o alongamento e
o alinhamento postural. Pode melhorar os níveis de consciência corporal e a
coordenação motora. Tais benefícios ajudariam a prevenir lesões e
proporcionar um alívio de dores crônicas (SACCO et al, 2005; BLUM, 2002;
MUSCOLINO; CIPRIANI, 2004a; SEGAL, 2004; ANDERSON; SPECTOR,
2000; BERTOLLA et al, 2007; FERREIRA et al, 2007; KOLYNIAK;
CAVALCANTI; AOKI, 2004; APARÍCIO; PÉREZ, 2005). Segundo Joseph
Pilates, os benefícios do método Pilates só dependem da execução dos
exercícios com fidelidade aos seus princípios (CAMARÃO, 2004; MENDONÇA;
SILVA; SACCO et al, 2005; PIRES; SÁ, 2005; BERTOLLA et al, 2007).
Busca-se promover o alongamento ou relaxamento de músculos
encurtados ou tensionados demasiadamente e o fortalecimento ou aumento do

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 Fisioterapeuta (UDESC/SC). Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica (IOT Passo
Fundo/RS). Artigo de Revisão 2
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tônus daqueles que estão estirados ou enfraquecidos. Portanto, diminuem-se
os desequilíbrios musculares que ocorrem entre agonistas e antagonistas e são
responsáveis por certos desvios posturais e problemas ortopédicos e
reumatológicos. Por se tratar de uma atividade que não impõe desgaste
articular e cujo número de repetições de cada exercício é reduzido, promove-se
a prevenção e/ou tratamento de certas patologias, especialmente as
ocupacionais (RODRIGUES, 2006).
A técnica Pilates apresenta muitas variações de exercícios e pode ser
realizada por pessoas que buscam alguma atividade física, por indivíduos que
apresentam alguma patologia em que a reabilitação é necessária, como
desordens neurológicas, dores crônicas, problemas ortopédicos e distúrbios da
coluna vertebral (BLUM, 2002; KOLYNIAK; CAVALCANTI; AOKI, 2004; VAD;
MACKENZIE; ROOT, 2003; LATEY, 2001; SACCO et al, 2005; MENDONÇA;
SILVA, sd). Muitos dos pequenos movimentos terapêuticos desenvolvidos para
ajudar pessoas que se recuperam de lesões podem ser intensificados para
desafiar atletas experientes, a fim de melhorar sua performance (CAMARÃO,
2004). Assim, torna-se indispensável que o fisioterapeuta tenha amplo
conhecimento da técnica e da patologia em questão (MENDONÇA; SILVA, sd;
MIRANDA; MORAIS, 2009).
Conforme Curi (2009), “no Pilates bem orientado por um profissional
habilitado, é praticamente inexistente a possibilidade de lesões ou dores
musculares, pois o impacto é zero”. O pilates pretende criar hábitos saudáveis
que perdurem por toda a vida. Com sua prática, as pessoas aprendem a
manter uma postura correta em diversas situações do cotidiano, como sentar,
andar e agachar (MARIN, 2009).
A flexibilidade é a amplitude de movimento disponível em uma
articulação ou grupo de articulações (MIRANDA; MORAIS, 2009; BERTOLLA
et al, 2007; SACCO et al, 2005). É a capacidade de alongamento das
estruturas que compõem os tecidos moles (músculos, tendões, tecido
conjuntivo) através da amplitude de movimento articular disponível. O músculo
é o maior contribuinte à amplitude de movimento das articulações (TREVISOL;
SILVA, 2009).
Segundo Sacco e colaboradores (2005), em pessoas com patologias, a
amplitude articular pode ser agravada por processos inflamatórios, redução da Artigo de Revisão 3
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quantidade de líquido sinovial, presença de corpos estranhos na articulação e
lesões cartilaginosas. Dessa forma, pode haver movimentos compensatórios
de outras articulações, sendo que a limitação pode prejudicar o desempenho
esportivo, laboral ou de atividades da vida diária (BERTOLLA et al, 2007;
SACCO et al, 2005). A falta de flexibilidade é um fator limitante ao desempenho
esportivo e aumenta as chances de lesões tais como as distensões
musculares, porém, a flexibilidade excessiva pode provocar instabilidade
articular gerando entorses articulares, osteoartrite e dores articulares
(BERTOLLA et al, 2007).
A promoção de maiores níveis de flexibilidade ocorre pelo emprego
sistematizado de estímulos denominados alongamentos, que são solicitações
de aumento da extensibilidade do músculo e de outras estruturas, mantidas por
um determinado tempo (MIRANDA; MORAIS, 2009). O alongamento é
categorizado baseado na forma como o movimento é executado, estática ou
dinamicamente, sendo o alongamento estático simples o meio mais popular
para aumentar flexibilidade. O alongamento também é categorizado baseado
na forma como o movimento é alcançado, de forma ativa ou passiva, ou se o
movimento é alcançado por tensão de músculo agonista ou por inércia,
gravidade, ou ambos (TREVISOL; SILVA, 2009).
Vários estudos discutem as diferentes formas de alongamento,
comparando sua eficácia. No método Pilates elas são realizadas
concomitantemente (ativo, passivo, estático, dinâmico) e, provavelmente, seus
efeitos se somam. O alongamento ativo aumenta a flexibilidade dos músculos
encurtados enquanto, concomitantemente, melhora a função dos músculos
antagonistas, resultando em trauma de tecido diminuído (TREVISOL; SILVA,
2009).
O estudo realizado por Segal, Hein e Basford (2004) avaliou 47 pessoas
quanto à flexibilidade, composição corporal e percepção de saúde. Foram
realizados exercícios básicos de Pilates, uma vez por semana, durante dois
meses. A flexibilidade foi avaliada pelo teste conhecido como "distância dedochão”,
com média de aumento de 4,1cm. Segundo os autores, embora muitas
das variáveis não tenham modificado consideravelmente e devem ser alvo de
mais pesquisas, o Pilates mostrou-se eficaz para o incremento da flexibilidade. Artigo de Revisão 4
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 Bertolla e colaboradores (2007) estudaram os efeitos de dois programas
para ganho de flexibilidade em 11 atletas juvenis de futsal do Rio Grande do
Sul. Para tal, utilizaram exercícios de solo do método Pilates em sessões de 25
minutos com freqüência de três vezes por semana durante quatro semanas. A
análise de flexibilidade foi feita através do teste no banco de Wells (sentar e
alcançar). Este estudo mostrou aumento significativo da flexibilidade dos
atletas.
Os indivíduos participantes do estudo de Trevisol e Silva (2009) foram
selecionados aleatoriamente no VITTALIS Studio Pilates, Joinville-SC, no
período de março a junho de 2006. A amostra foi composta por 18 indivíduos
voluntários, do gênero feminino, com idade média de 26,11 ± 5,48 anos, eram
iniciantes no método Pilates e não realizavam outro tipo de treinamento físico.
O objetivo foi verificar alterações na flexibilidade aguda da musculatura
isquiotibial, através de testes de amplitude de movimento, pré e pós-aula do
método Pilates. Observou-se que o método foi eficaz para promover aumento
agudo na flexibilidade da musculatura isquiotibial.
Outro estudo verificou os efeitos do método Pilates sobre a flexibilidade
de 20 mulheres com idade média de 34 anos e que nunca haviam praticado a
modalidade. Para tal, foi utilizado o Protocolo do Banco de Wells antes e após
32 sessões. O ganho de flexibilidade obtido após as sessões foi de 11,74cm.
As alunas também relataram melhora aparente na postura corporal (BARRA;
ARAÚJO, 2007).
Dois casos foram estudados com o objetivo de investigar o aumento da
resistência física e a melhora da flexibilidade utilizando como recurso somente
o método Pilates. As voluntárias foram submetidas a dois testes: flexão de
tronco no banco de Wells e teste de esforço em esteira. Durante o período de
investigação, as alunas realizaram 24 aulas de forma individualizada. Na
reavaliação, foi mostrado que as alunas tiveram uma melhora de 46% em
relação à resistência física e a freqüência cardíaca de ambas mostrou-se
menor. Com relação à flexibilidade, a média da melhora é de 91%. Com estes
fatos, evidenciam-se os benefícios propostos pelo método (CURCI, 2006).
A pesquisa realizada sobre os efeitos da intervenção do Pilates sobre a
postura e a flexibilidade em mulheres sedentárias, demonstrou que, após a
realização das 20 aulas, ocorreu uma melhora no alinhamento postural com

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